HISTÓRICO FORKEFIN

 

Forkefin é um feliz gnomo da floresta que a não muito tempo alcançou sua idade adulta. Muitos dos seus vinte invernos foram vividos em meio às dificuldades, sorrisos, livros e negócios nas fronteiras das cavernas que escondiam os exilados dos domínios Zentharin. Forkefin era o atravessador que levava alimentos, remédios, armas, ferramentas e tudo mais que fosse necessário para o bando liderado por Randal Morn. Seus pais, o bardo Binbal e sua mãe, a maga ilusionista kindin foram seus mestres nesse longo aprendizado, como também peças-chave para a retomada da liderança no Vale da Adaga. Apesar de seu tamanho diminuto, Forkefin demonstrou grande coragem na viagem que hoje chama de “Lá fui bem e melhor voltei”. Tal aventura foi sem dúvida a mais perigosa e temerária em que Forkefin se meteu e tudo por conta de um sonho que teve logo após a bebedeira de sua festa de aniversário. Neste sonho, ele teve uma visão que não muito tempo depois tornou-se em parte realidade. Forkefin claramente viu os cinco prisioneiros da Cidadela do Corvo entrando na Floresta das Fronteiras e sendo brutalmente assassinados pelas fadas lideradas por ninguém menos que a Ninfa Vermelha. Esses prisioneiros ficaram três anos desaparecidos após terem sido emboscados por sobreviventes zentharim perdedores da guerra que resultou na liberdade do povo do Vale da Adaga. Não se sabe se por conta da grande quantidade do vinho ou por conta da forte sensação de aperto em seu coração, o fato, é que imediatamente após acordar com a visão de uma assustadora lua cheia, o tropeço nanico partiu em viagem floresta adentro sendo guiado estranhamente por suas oníricas lembranças e por seu instinto, nada afetado por sua dor de cabeça ou explícita insensatez. Não muito tempo depois de alcançar a mata fechada, pôde contar os cinco fugitivos, muito abatidos no mesmo local e da mesma forma como tinha visto em sua visão, mas desta vez, vivos. – Ei, ei, ei, vocês correm perigo! Disse ingenuamente o nanico nada eloquente. Imediatamente os cinco o fitaram com olhos vermelhos e sorrisos maliciosos com dentes pontudos que lhe deram calafrios e a certeza de que deveria correr mais rápido do que uma lebre. Mas como, se suas pernas e braços estavam completamente paralisados? Nem mesmo quando foi mordido por uma tartaruga gigante a anos atrás, sentiu tanto medo ou tanta dor em seus músculos. Apenas sua boca pode se mexer e fazer o possível e mais sensato: -So, so, socorro! Gritou horrorizado. Então, pouco antes de uma das criaturas nefastas tentar rasgar o pescoço do indefeso gnomo, surgiu a imagem personificada das lendas, a ninfa vermelha. Uma criatura esplendorosamente magnética, poderosa e linda. Um elevado espírito da natureza em forma feminina com pele levemente avermelhada e cabelos brilhantes. Ela empunhava uma tocha incomum com chamas azuis como o céu e a luz extremamente forte dela, não apenas paralisou as criaturas, mas também as feriu gravemente e as teria destruído rapidamente se um novo grito não tivesse sido ouvido: -Por, por, por favor não! Eu sei a cura! Gritou Forkefin desesperado. Mas a ninfa não se abalou e continuou empunhando a tocha com determinação vingativa até que finalmente se deteve depois que ouviu Forkefin dizer bem baixinho e sem esperança algo que parecia ser um nome muito familiar: -Alazaya. Neste momento, sátiros, pixies e outras criaturas da natureza das quais Forkefin só ouviu falar nas histórias de infância, saíram das árvores rapidamente e prenderam as criaturas semimortas. A tocha na mão da ninfa se apagou e logo veio uma pergunta que foi altiva e imperativa: -Como conheces o meu nome? Forkefin, já livre para se mexer, mas com as pernas bambas de medo, respondeu: – A, A, Alazaya é um de meus nomes, grande senhora. É também o nome da erva que me curou quando eu nasci doente e muito fraquinho. Papai então me trouxe à esta floresta e fez a linda canção que não ouso cantar para não a estragar. Isto é tudo que sei, óh magnânima. Depois disso, dias se passaram e sob receosos cuidados de sprites e dríades que fizeram bom uso da tal erva, os cinco prisioneiros recuperaram a forma humana completamente curados do mal que os assolava a alma, mesmo que seus ferimentos físicos e psicológicos decorrentes de torturas contínuas ainda causassem dor. Assim que ficaram capazes de caminhar, decidiram voltar finalmente para seus lares e nas conversas do caminho tudo ficou claro. Embora presos em seus corpos sem controle, suas almas sofriam conscientes e o plano dos Zentharim era que chegassem à cidade no tempo certo da transformação vampírica para que outros fossem mortos ou igualmente amaldiçoados. Contando com as muitas baixas que aconteceriam, uma investida militar viria em seguida e o povo do vale da Adaga seria completamente subjugado mais uma vez. Mas o plano do novo necromântico da Cidadela do Corvo não deu certo, pois na rota da cidade, estava um grande grupo de elfos negros e por isso, tiveram que entrar na floresta para não serem mortos ou escravizados. Indo mais além na reflexão feita durante retorno à segurança de seus lares, entenderam que caíram em uma grande farsa e que a fuga da cidadela do corvo foi facilitada e planejada pelos próprios Zentarin desde o início. Afinal, é muito fácil manipular moribundos feridos e famintos. Quando chegaram, muitos custaram a acreditar na história que o gnomo contou devido ao seu espírito brincalhão e aos detalhes fantásticos, mas quaisquer dúvidas caíram rapidamente por terra, pois os Prisioneiros não são figuras irrisórias carentes de credibilidade. Tratam-se nada mais, nada menos que Brendal Morn, filho do atual líder do Vale da Adaga, Kantramor, sacerdote anão lâmina brilhante do Ninho das águias (montanha onde ficavam as cavernas dos exilados), o meio-elfo Tielindorel (antigo dono da maior taverna do Vale da Adaga chamada Dança do Coxo), Saitrin Dukanor, o nobre cavaleiro aposentado que vivia em sua fazenda e Fahur olho seco, o artesão dos vales, famoso por suas esculturas feitas com precisão e beleza. Atualmente, Forkefin Bribão Frugueto Alazaia Rubrospren, o coração abusado, a pedrinha destemida, mais conhecido por seus feitos como Chá lobo corre bem ou carinhosamente chamado de Divinho devido a seu incrível dom arcano, vive percorrendo os Vales em sua pequena carroça colhendo ervas, frutos, negociando para sobreviver e ajudando quem precisa para sorrir. Seu ideal é se tornar um mago competente o suficiente para ajudar o povo do Vale da Adaga a reconquistar o brilho nos olhos que é a empatia que somente um povo orgulhoso e feliz podem ter.